Pingas Nordestinas
Se tem algo que o brasileiro pode bater no peito e se orgulhar em dizer que surgiu por aqui é a cachaça! Genuinamente nacional o início da sua história se entrelaça numa parte importante da própria história do Brasil (ao início da colonização portuguesa do país, à atividade açucareira, a presença do povo negro escravizado vindo da África ).
A tragetoria da cachaça começa no tempo da escravidão quando os escravos trabalhavam na produção do açúcar da cana de açúcar. O método consistia em se moer a cana, ferver o caldo obtido e, em seguida deixá-lo esfriar em fôrmas, obtendo a rapadura, com a qual adoçavam as bebidas.
Ocorre que, por vezes, o caldo desandava e fermentava, dando origem a um produto que se denominava cagaça ( um liquido que após a fermentação apresentava alto teor alcoólico ) e era jogado fora ou dado aos animais, pois não prestava para adoçar. Alguns escravos tomavam esta beberagem e, com isso, trabalhavam mais entusiasmados.
Outra hipótese conta que, certa vez, os escravos misturaram um melaço velho e fermentado com um melaço fabricado no dia seguinte. Nessa mistura, acabaram fazendo com que o álcool presente no melaço velho evaporasse e formasse gotículas no teto do engenho. Na medida em que o liquido pingava em suas cabeças e iam até a direção da boca, os escravos experimentavam a bebida que teria o nome de “pinga”.
Os senhores de engenho por vezes estimulavam aos seus escravos, mas a corte portuguesa, vendo nisto uma forma de rebelião, proibia que a referida bebida fosse dada aos negros, temendo um levante.
Com o tempo esta bebida foi aperfeiçoada, passando a ser filtrada e depois destilada, sendo muito apreciada em épocas de frio. O processo de fermentação com fubá de milho remonta aos primórdios do nascimento da cachaça e permanece até hoje com a maior parte dos produtores artesanais.
Existem atualmente pesquisas de fermentação com diversos produtos denominados enzimas que, aos poucos, estão substituindo o processo antigo.
Um fato interessante é que a cachaça sempre viveu na clandestinidade, sendo consumida principalmente por pessoas de baixa renda e, por isto, sua imagem ficou associada a produto de má qualidade. Mas atualmente ela ascendeu a níveis nunca antes sonhados e hoje é uma bebida respeitada e apreciada mundialmente, já tendo conquistado a preferência de pessoas de alta classe e sendo servida em encontros políticos internacionais e eventos de toda espécie pelo mundo afora.
"Livrai-me de pagar tudo e da ressaca também"